sábado, 11 de outubro de 2014


Ente, essência e existência
 
 
 
A distinção ontológica do ser e do ente apresentado, especialmente por Tomás de Aquino e Heidegger, se apresenta como a porta do entendimento do ser, onde ele se manifesta de forma implícita, contudo marcada pela estrutura do ente. Tal distinção é grande importância para a compreensão metafisica do ser.

Compreendamos que o ente se mostra necessário somente em quanto essência e não enquanto existência, ou seja, podemos pensar qualquer coisa sem que ela exista. Não basta pensar em algo para que ele seja mostrando-se assim a necessidade da distinção entre ser e essência. Aristóteles, precursor da metafisica clássica, fora o primeiro a desenvolver um estudo sobre o ente, todavia seu trabalho mostra-se deveras limitado por não possuir uma distinção entre o ser e essência.

No intuito de tentar explicar a diferença ontológica devemos embarcar por uma via que culminará na compreensão tomista do fato. Este caminho é marcado pela presença de diversos pensadores que compreendem o assunto com certa limitação e que somente serão superadas por São Tomás de Aquino.

Severino Boécio foi o primeiro a realizar tal distinção, para ele o ser (esse) e aquilo que é (id quod est) são diversos, todavia em sua compreensão ele concebe o ser como potência, ainda nada sendo e podendo tornar-se. Boécio, segundo a interpretação de Mondin, supera Aristóteles por isolar o ser da substância e o elevar acima desta. Compreendamos que seu estudo é por base essencialista, tendo essa como principio e ato.

Um segundo expoente é Avicena onde a sua afirmação é que a essência se refere àquilo que a coisa é, a existência se refere ao seu modo de ser. Assim percebe-se que Avicena aceita dois modos de ser, o ser necessário e o ser possível. O Comentador parte da ideia que a existência é extrínseca à essência. Analisando essa premissa nota-se que Avicena entende a existência como sendo um acidente. Posteriormente ao pensamento de Avicena, percebemos uma terceira contribuição ao falarmos do ente em relação a essência e existência: Maimônides. Concluindo seu pensamento, Maimônides diz-nos que no ente contingente (que passa) a existência é um acidente, no entanto, no ente necessário a existência é sua própria essência, como também, sua essência é sua existência.

Tomás de Aquino tomando por base os filósofos anteriores desenvolve um trabalho de distinção real entre essência e existência. Primeiramente o Aquinate compreende os dois aspectos como sendo elementos necessários, substanciais e insubstituíveis no ente. Para que um ente assim seja denominado deve haver nele a presença destes dois aspectos. Para ele a essência em si é nada permanecendo apenas uma possibilidade caso nela falte o ato de existir. Outro ponto de superação encontrado na teoria tomista é a compreensão de que o ser não pode ser acidente do ente, pois o ser é atualidade de todo o ato. A estrutura essência e ato de ser são, portanto, a estrutura fundamental e primária do ente.

Douglas, Geovane e Caio

 

 

 

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