Ente, essência e existência
Compreendamos que o ente se
mostra necessário somente em quanto essência e não enquanto existência, ou
seja, podemos pensar qualquer coisa sem que ela exista. Não basta pensar em
algo para que ele seja mostrando-se assim a necessidade da distinção entre ser
e essência. Aristóteles, precursor da metafisica clássica, fora o primeiro a
desenvolver um estudo sobre o ente, todavia seu trabalho mostra-se deveras
limitado por não possuir uma distinção entre o ser e essência.
No intuito de tentar explicar a
diferença ontológica devemos embarcar por uma via que culminará na compreensão
tomista do fato. Este caminho é marcado pela presença de diversos pensadores
que compreendem o assunto com certa limitação e que somente serão superadas por
São Tomás de Aquino.
Severino Boécio foi o primeiro a
realizar tal distinção, para ele o ser (esse) e aquilo que é (id quod est) são
diversos, todavia em sua compreensão ele concebe o ser como potência, ainda
nada sendo e podendo tornar-se. Boécio, segundo a interpretação de Mondin,
supera Aristóteles por isolar o ser da substância e o elevar acima desta.
Compreendamos que seu estudo é por base essencialista, tendo essa como
principio e ato.
Um segundo expoente é Avicena
onde a sua afirmação é que a essência se refere àquilo que a coisa é, a
existência se refere ao seu modo de ser. Assim percebe-se que Avicena aceita
dois modos de ser, o ser necessário e o ser possível. O Comentador parte da
ideia que a existência é extrínseca à essência. Analisando essa premissa
nota-se que Avicena entende a existência como sendo um acidente. Posteriormente
ao pensamento de Avicena, percebemos uma terceira contribuição ao falarmos do
ente em relação a essência e existência: Maimônides. Concluindo seu pensamento,
Maimônides diz-nos que no ente contingente (que passa) a existência é um acidente,
no entanto, no ente necessário a existência é sua própria essência, como
também, sua essência é sua existência.
Tomás de Aquino tomando por base
os filósofos anteriores desenvolve um trabalho de distinção real entre essência
e existência. Primeiramente o Aquinate compreende os dois aspectos como sendo
elementos necessários, substanciais e insubstituíveis no ente. Para que um ente
assim seja denominado deve haver nele a presença destes dois aspectos. Para ele
a essência em si é nada permanecendo apenas uma possibilidade caso nela falte o
ato de existir. Outro ponto de superação encontrado na teoria tomista é a
compreensão de que o ser não pode ser acidente do ente, pois o ser é atualidade
de todo o ato. A estrutura essência e ato de ser são, portanto, a estrutura
fundamental e primária do ente.
Douglas, Geovane e Caio
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